Estudantes do integrado em Comércio Exterior participam de homenagem a povos e cultura de origem africana
A sessão solene reuniu, pela primeira vez, um chefe da diplomacia de um país africano
A história de resistência do povo africano, sua luta pela independência e emancipação do julgo colonizador e do Apartheid (política de segregação das populações negra e branca imposta pela República da África do Sul durante a maior parte do XX) hoje é reconhecida mundialmente no Dia da África, em 25 de maio. No Amapá, a data foi celebrada com sessão solene chamada pela Comissão de Relações Exteriores da Assembleia Legislativa do estado (Alap), para a qual foram convidados os estudantes do curso Técnico Integrado em Comércio Exterior (Comex) do Campus Santana do Ifap.
O Dia da África representa a luta pela liberdade das colônias africanas na segunda metade do século XX, e que se tornou marco de resistência da cultura dos povos originários em vários continentes. No Brasil, a data é comemorada em várias cidades como: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Redenção (Ceará) e Recife, por diferentes entidades e instituições que organizam atividades culturais, debates e conferências.
Para Vitória Conceição da Silva, do 3º ano de Comex, comemorar a data é “uma importante oportunidade de fazer com que as pessoas tenham conhecimento dos nossos ancestrais, saber que lutamos e hoje podemos estar aqui, mostrando a nossa representatividade”, disse a estudante, que participa de grupo de marabaixo e já se apresentou em vários eventos desde o ensino fundamental. E completa: “Aqui a gente tem uma grandeza de culturas, a do marabaixo é a principal, mas precisamos divulgar para o povo de fora saber que no Amapá temos uma cultura rica em diversas coisas, temos estilistas, e esse conhecimento precisa ser disseminado, o mundo precisa saber que existem várias pessoas nesse ramo e que agregam muito em nosso conhecimento e cultura”.
Paulo Vitor (à direita) defende a valorização do legado dos povos africanos como formador do povo brasileiro: "é preciso combater o racismo estrutural"
O estudante Paulo Vitor Gama, também de Comex, defende a necessidade de se discutir tanto sobre a cultura africana quanto sobre a questão do racismo, uma vez que o povo africano deu origem a muitas civilizações, a exemplo do Brasil. “São antecedentes de todos nós brasileiros e povos de todo o mundo, mas a cultura negra ainda é tratada com preconceito e discriminação por conta do racismo estrutural da sociedade, ainda enraizado. Em vez de progredirmos, estamos regredindo. A gente vê todos os dias nos telejornais e em novelas a pessoa negra sendo retratada como inferior e tendo sua vida ceifada de forma cruel, como naquele caso em que um homem negro foi morto asfixiado por policias na frente de todos, sem culpa nem medo de serem punidos. Então trazer essas discussões para as escolas e para a sociedade é muito importante, porque a gente vê o que precisa melhorar e o quanto é belo o que a cultura africana traz pra gente”.
A sessão solene na Alap reuniu vários grupos de marabaixo, devotos de religiões de base africana, comunidades quilombolas, autoridades locais, evidenciando a forte presença negra no estado. Na mesa de honra, além de representantes e autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário, estiveram presentes o embaixador da Costa do Marfim, Diamouténé Alassane Zié, o presidente da Academia Amapaense de Batuque e Marabaixo, José Raimundo Souza (Dô Sacaca), e a presidente da Comissão de Relações Exteriores da Alap e proponente da sessão, deputada Cristina Almeida. De acordo com ela, o evento teve a prerrogativa de estreitar relações com o governo da Costa do Marfim, além de ter um impacto altamente positivo para a comunidade afrodescendente e sociedade de forma geral.
O docente Daniel Madureira coordenou a participação dos estudantes no evento de relações internacionais
Os estudantes de Comex do Campus Santana estiveram acompanhados na sessão solene pelo coordenador do curso, professor Daniel Madureira. Sobre a experiência de participar da homenagem aos povos da África, o estudante Paulo Vitor declarou: “Na sessão solene eu senti representatividade ao ver pessoas negras ocupando aqueles cargos de poder. Sem as lutas de resistência, isso não seria possível”.
Dia da Libertação Africana
A data de 25 de maio ficou conhecida como o Dia da Libertação Africana e remete ao ano de 1963, quando chefes de Estado e de governo de 30 nações da África se reuniram em Adis Abeba, capital da Etiópia, para discutir a unificação de suas lutas pela independência do domínio colonial. O encontro resultou na fundação da Organização da Unidade Africana (OUA) que, em 2002, veio a se tornar a União Africana e passou a reunir 54 dos 55 países do continente, com sede em Adis Abeba. No Amapá, a cultura do marabaixo se tornou referencial dos povos negros, tornada patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no ano de 2018.
Por Keila Gibson, jornalista do Campus Santana
Instituto Federal do Amapá (Ifap)
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